Capítulo 04
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Capítulo 4 – Aselle covarde (2)
Tradutor: TiagoRK
Revisor: Mysphinx
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“O que foi isso que acabou de acontecer?”
Aselle não conseguia entender o que havia acontecido com ele. Em um instante, o fluxo de mana foi bloqueado e a magia foi liberada. Parecia que a corda apertada que ele puxava havia se partido.
“Hã? Agora mesmo, minha magia foi…?”
“Eu também não sei.”
Ronan encolheu os ombros.
Ele não estava fingindo, ele realmente não sabia.
Ele podia drenar mana. Ele descobriu essa habilidade quando atuava como um justiceiro. Naquela época, ele não contou a ninguém porque achou que isso poderia se tornar problemático.
Ronan suspeitava que essa habilidade poderia ser o que lhe permitiu infligir ferimentos em Ahaiyute. Pode ter havido outra habilidade em jogo da qual ele próprio não estava ciente.
“Desvendar o segredo desta habilidade pode ser uma das tarefas que me foram dadas.”
Ronan bateu levemente no ombro de Aselle.
“Venha pra cá em três dias, ao anoitecer. Próximo da hora em que a lua nasce.”
“Hein?”
“Se você não aparecer… tenho certeza que você sabe o que vai acontecer, não é?”
Deixando essas palavras, Ronan começou a se afastar com confiança. Apesar de Aselle gritar algo por trás, ele ignorou. Se Aselle realmente tivesse recuperado os sentidos, ele viria.
“Droga, perdi muito tempo.”
Ronan primeiro foi até a beira do rio, lavou o rosto e as mãos para tirar as manchas de sangue. Ele comprou roupas novas em um comércio, vestiu-as e colheu algumas flores silvestres na beira da estrada.
Finalmente, ele chegou à pequena casa nos arredores da aldeia. Vinhas de hera cobriam a parede externa de maneira exuberante, criando uma bela vista.
Inconscientemente, Ronan respirou fundo. Ele sentiu uma tensão que não havia experimentado nem mesmo no campo de batalha ou diante de monstros.
Do outro lado desta porta estava Iril. Sua irmã que ele não via desde que saiu de casa aos dezessete anos e que morreu durante a invasão dos gigantes.
“Vamos… nos acalmar.”
Ronan estendeu a mão para agarrar a maçaneta. Deveria ter sido uma tarefa fácil simplesmente puxá-la, mas não era tão simples quanto parecia.
De repente, o buquê de flores em sua mão esquerda chamou sua atenção. Dez prímulas amarelas e brancas estavam lindamente arranjadas. Eram as flores que Iril amava.
De repente ele se sentiu ridículo. Droga, ele não era um jovem envergonhado confessando seu amor.
Quando ele estava prestes a se virar para descartar as prímulas, a porta se abriu, revelando uma mulher. Uma beleza notável na transição de jovem garota para jovem dama.
“Você chegou cedo hoje, Ronan! Você já comeu?”
“Uh? Uh… sim… não.”
Ao ver seu sorriso radiante, Ronan congelou. Seu cabelo, caindo em cascata até os ombros, era como um mar de ondas, brilhando com um tom azul prateado mesmo sob a luz do sol da primavera. Sua pele clara e imaculada lembrava um campo de neve intocado, sem uma única pegada à vista.
“É o momento perfeito. Acabei de fazer um ensopado.”
Na verdade, Iril estava usando um avental coberto de várias manchas. Ela sorriu ao olhar para as prímulas nas mãos de Ronan.
“Opa! Essas flores?!”
“Ah, sim…”
“Você as trouxe para mim? São lindas!”
“Bem, na verdade não… mas já que você as acha bonitas… fico contente.”
Ronan entregou as prímulas e olhou para o rosto da irmã. Seus olhos grandes e claros tinham a mesma tonalidade do pôr do sol que os dele.
De repente, ela abraçou Ronan com força, enterrando o rosto no buquê como uma criança encantada.
“Meu irmãozinho mal-humorado, o que deu em você? Obrigada!”
Naquele momento, uma emoção indescritível surgiu no peito de Ronan. Sua irmã era exatamente como ele se lembrava. Uma pessoa que poderia lhe dar forças só por estar ao seu lado, um Sol que iluminava a todos.
De repente, a cena diante de seus olhos ficou turva e ele enxugou os olhos com a manga.
“Ei, você está bem?”
“Hã? Alguma coisa entrou nos seus olhos? Deixe-me ver, venha aqui.”
“Não, não é isso.”
“Não diga isso, deixe-me olhar rapidinho.”
Como havia uma diferença de altura de cabeça, Iril teve que levantar a ponta dos pés. Ronan afastou a mão dela, usando a fome como desculpa, e entrou na casa.
“Eu comi bem. Estava uma delícia.”
“Uau! Hoje é um dia especial? Estou ouvindo Ronan dizer que a comida estava deliciosa!”
Ronan colocou a colher com cuidado. A tigela de madeira estava agora vazia. O simples ensopado de batata que Iril preparou era mais saboroso do que qualquer iguaria que ele havia comido antes da sua jornada.
“Mana, quantos anos você tem agora?”
“Hã? Tenho vinte e dois anos, então…”
Ronan acenou com a cabeça depois de ouvir a idade dela. Ele era um ano mais novo do que esperava. Com base em quando ele deixou a vila em sua vida anterior, faltavam cerca de dez anos para a chegada dos gigantes.
“Ah, de repente esqueci.”
“O quê? Isso não é algo que você deve se esquecer!! Não há nada de errado com você, certo? Você comeu alguns cogumelos na floresta por engano?”
“Não é isso não.”
Iril suspirou preocupada e tocou alternadamente a testa dela e a de Ronan. Era estranho da parte dele trazer prímulas de repente, suas flores favoritas, e seu irmão estava agindo de forma estranha hoje. Ele era uma criança que achava tudo um incômodo, até mesmo respirar.
“A propósito, mana.”
“Sim?”
Ronan pegou outra colherada de ensopado enquanto falava. Essa era sua terceira tigela.
“Estou planejando frequentar a academia.”
“O quê?”
Iril, surpresa, olhou para Ronan. A rapidez de tudo a deixou momentaneamente sem palavras.
O que ele acabou de dizer? Ele perdeu algumas ovelhas de novo? Não, ele mencionou algo sobre uma academia… academia… academia…
Quase pulando de animação, ela exclamou:
“O quê? Você vai frequentar uma academia?!”
“É surpreendente.”
“Diga de novo, Ronan, hein? Você disse que vai frequentar uma academia? Sério? Sério? Sério?”
“Sim.”
“Woo-hoo!”
Iril abraçou o pescoço do irmão com entusiasmo. Foi o momento em que o seu desejo de vida se tornou realidade. Em seguida, ela deu beijos nas bochechas de Ronan.
“Eu sabia que esse dia chegaria! Eu acreditei em você! Você é talentoso, então, se destacará em tudo que fizer!”
“Obrigado.”
“Qual academia você está mais interessado? A Academia dos Cavaleiros, como esperado? Cavaleiro Ronan! Isso é legal! Ou talvez a inesperada Academia Nacional? Tornar-se um estudioso também seria ótimo! Claro, não importa o que aconteça, estou do seu lado! Ah, controle-se, Iril!
Somente quando Ronan estava terminando sua quarta tigela é que Iril finalmente recuperou os sentidos. De repente, ela começou a remexer no pote de barro colocado perto da lareira.
Em sua mão surgiu uma bolsa excepcional.
“Aqui! Pegue, Ronan! É tudo seu agora!”
Quando a bolsa lacrada fez um tinido, Ronan soube que a maior parte do dinheiro que sua irmã ganhara estava lá dentro.
Iril colocou a bolsa na mesa de jantar com um sorriso triunfante. Seus olhos estavam brilhando, incitando-o a abri-lo.
Mas Ronan balançou a cabeça.
“Está tudo bem, mana.”
“O quê? Mas isso é seu…”
“A mensalidade, certo? Estou muito grato, mas aceitarei suas intenções. O lugar que estou planejando ir exige mais do que isso.”
“Onde você está pensando em ir que precisa de tanto assim? Eu economizei bastante, sabia?”
Suas bochechas incharam de maneira fofa. Ronan colocou a bolsa de volta na jarra de barro e falou.
“A Academia Real Philleon.”
Os olhos já grandes de Iril se arregalaram ainda mais.
****
[Se você busca conhecimento, vá para Philleon.]
Essas foram as palavras de Adeshan. A Academia Real Philleon. Normalmente chamada de Philleon.
Situada no coração da instituição, essa prestigiosa academia educacional perdia apenas para o palácio imperial em termos de status. Com um corpo docente excepcional recrutado em todo o continente e um capital substancial da família real, foi além de uma mera academia de prestígio, produzindo indivíduos que deixariam a sua marca no mundo.
Até mesmo Ronan, que não tinha nenhuma ligação anterior com o meio acadêmico, conhecia o valor associado à graduação na Philleon.
“De fato… havia alguns indivíduos capazes de Philleon.”
Enquanto Ronan refletia sobre suas memórias, ele murmurou concordando. A General Adeshan, o Mestre Espadachim Shullifen e até mesmo a temida criminosa conhecida como Bruxa do Inverno, todos eram graduados em Philleon.
Restavam dez anos.
Considerando a tarefa que lhe foi confiada, não era muito tempo de modo algum. Era uma missão que ele assumiu inesperadamente, mas não tinha intenção de abandoná-la.
Ele imaginou os momentos finais. Centenas de gigantes descendo do céu. Ele não conseguia imaginar o quão forte precisava se tornar para enfrentá-los.
É por isso que Ronan decidiu se matricular na Academia Philleon, como as palavras de Adeshan sugeriram. Ele acreditava que poderia aprender “como” se tornar mais forte, mesmo que não soubesse “quanto”. Também estava alinhado com seu sonho de frequentar uma academia.
“A propósito, foi realmente tão surpreendente?”
A expressão de Iril ainda estava gravada em sua memória. Mesmo se ele tivesse declarado que se tornaria imperador, não a teria surpreendido mais do que isso. Embora ela tivesse abençoado o futuro de Ronan, ela provavelmente não achava que ele seria realmente capaz de entrar em Philleon.
Ronan queria trazer felicidade para a sua irmã mais uma vez. Assim, no terceiro dia desde o seu retorno, ele saiu de casa de madrugada e subiu o morro. Ele carregava duas mochilas, cada uma grande o suficiente para acomodar uma criança pequena.
“Ei.”
Logo, ele avistou um garoto levemente vestido encostado em um carvalho, cochilando. Quando Ronan bateu palmas três vezes, o menino acordou assustado.
“Você chegou na hora certa, Maselle. Honestamente, estou bastante surpreso.”
“Ah! Uh… bem, é Aselle.
“Esse cara teimoso. Qual é, por que você acha que chamei você aqui?
“Hum… bem… por causa da minha habilidade… você está interessado?”
“Como esperado de um jovem mago. Sua mente é afiada. Aqui, pegue isto.”
“Hã? Hã?”
Ronan jogou uma das mochilas para Aselle. Parecia volumosa, mas era mais leve do que ele esperava.
“O que é isso?”
“Uma bolsa para guardar sonhos e esperanças.”
Aselle espiou dentro da mochila, encontrando cerca de dez bolsas grossas e finas dentro. Ele não conseguia nem adivinhar para que serviam.
“O que… isso tem a ver com a minha habilidade?”
“Por enquanto, apenas me siga. Uma jangada foi preparada.”
“Uma jangada?”
Carregando a mochila, Aselle seguiu logo atrás de Ronan. À beira do rio, uma visão inusitada os aguardava: uma jangada presa por cordas.
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