Capítulo 03
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Capítulo 3 – Aselle covarde (1)
Tradutor: TiagoRK
Revisor: Mysphinx
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Aselle estava tendo outro dia infernal. Ele estava se arrependendo profundamente de não ser capaz de resistir à persuasão de seus amigos. Ele desejou até ter usado a desculpa de estar doente, mas sempre foi assim.
“Sim! Mesmo que você tenha trazido o dinheiro, não tem problema ser atingido!”
“Hm, eu realmente não tenho dinheiro nenhum!”
Em troca, Aselle teve que observar enquanto se misturava com o grupo e testemunhar a visão de um jovem covarde sendo espancado. A criança pequena estava agachada, recebendo os golpes como se fosse uma bola.
“Então como você vai pagar o remédio da sua mãe doente, hein?”
“B-Bem, isso…!”
As razões pelas quais ele estava sendo espancado eram incompreensíveis. Recentemente, a doença de sua mãe piorou e a maior parte das despesas foram destinadas à medicação. Apesar da origem órfã de sua gangue, eles não tentavam compreender a situação do covarde.
“Ei, você nem precisa de uma mãe para cuidar de você para viver. O que você está tentando fazer, agarrando-se a uma mulher que vai morrer em breve, hein?
“Não aliviaria um pouco a sua consciência se você pensasse no custo de cuidar de uma mãe?”
Mesmo depois de ouvir insultos que não suportava, a criança não conseguia dizer uma palavra. Aselle cerrou o punho e murmurou.
“Estúpido.”
Foi uma palavra dita para si mesmo, não para a criança. A razão pela qual ele, que era muito pequeno e magro, não era alvo dos delinquentes era unicamente devido ao seu talento. Ele não teve coragem de suportar violência ou bullying.
Aselle orou. Como parar aquilo era impossível de qualquer maneira, ele só esperava que a violência selvagem acabasse rapidamente. Ele esperava que seu nome não fosse chamado.
Mas a vida normalmente não acontece como planejado.
“Ei, Aselle! Dê a esse garoto um gostinho da sua magia.”
Hans, que fazia o papel de líder, chamou ele com um grande suspiro. Naquele momento, todos os delinquentes pararam o que estavam fazendo e viraram a cabeça em direção a Aselle.
Aselle sentiu como se uma pedra pesada tivesse caído em seu coração. Ele manteve uma expressão vazia e balançou a cabeça.
“Heheheek! Você quer provar a magia dele?!”
“Por favor! Magia não! Por favor! Apenas me poupe!”
“Mestre mago! Ele é um mago! Por favor, tenha misericórdia!”
O covarde se ajoelhou em pânico, segurando a calça de Aselle, com lágrimas escorrendo pelo rosto. Aselle fechou os olhos com força e começou a entoar um feitiço.
“Mão invisível.”
O corpo do covarde começou a subir lentamente.
“Não! Por favor pare!”
Uma mão invisível agarrou o covarde, levantando-o. Aplausos apareceram de todos os lados. Seu corpo, subindo lentamente, logo atingiu uma altura onde uma queda causaria danos significativos. No entanto, os delinquentes apenas incitaram Aselle ainda mais.
“Heh, heh, não importa quantas vezes você veja, é incrível. Vamos pendurá-lo no topo de uma árvore!”
“Por favor, me deixe descer! Por favor! Por favor, me desça!”
Aselle torceu os lábios. Seu talento, aparentemente inútil, parecia uma maldição. Se ele soubesse que chegaria a esse ponto, ele nem teria comprado um daqueles livros de magia que os vendedores ambulantes vendiam. Se ele não tivesse nascido nesta aldeia remota, seu talento poderia ter sido usado de forma mais altruísta?
Suas mãos tremiam. Num momento de distração, ele sentiu que fosse largar o covarde. Sua magia ainda era fraca e instável. Aselle soltou um grito silencioso. “Por favor, alguém intervenha!”
“Chega, desça-o.”
Do nada, uma voz desconhecida interveio por trás.
*Que diabos?”
“Você… Você!”
A multidão ficou em silêncio num instante, como se água fria tivesse sido derramada sobre eles. Até mesmo Hans, que não se intimidaria nem se fosse acertado por uma pedra na estrada, ficou sem palavras.
O que está acontecendo? Aselle conseguiu virar ligeiramente a cabeça para olhar para trás. Lá estava uma figura bárbara de Nimbuten.
Ronan falou novamente.
“Eu disse pra descer ele.”
Aselle sentiu um arrepio percorrer sua espinha. Havia algo na voz seca que era desencorajadora.
Sem que ele soubesse, seus lábios se moviam enquanto ele abaixava lentamente o covarde. Hans estendeu a mão e agarrou o ombro de Aselle.
“Ei, o que você está fazendo?”
“Hein?”
“Você está descendo ele só porque ele mandou? Você me considera um qualquer?
“N-Não é isso…”
“Levante-o novamente.”
Aselle engoliu em seco. O covarde começou a levantar novamente. Vendo isso, Ronan riu friamente. Hans, que havia se aproximado, parou bem na frente de Ronan.
“Ronan, faz muito tempo que não nos vemos.”
“Sim, Hans, já faz um tempo.”
“Por que você está se intrometendo de repente? Você normalmente só ficaria quieto e de mau humor.”
“O rosto carrancudo de um resto de sifilís não mudou. Foi tão ruim assim?
“Ei, você não consegue entender a situação? Seu idiota.”
Hans, que era consideravelmente mais alto, olhou para Ronan. Hans era, na verdade, três anos mais velho que Ronan.
Os outros meninos, impressionados com a atmosfera, olharam para os dois, prendendo a respiração.
Originalmente, em Nimbuten, a posição de Ronan era como um desastre natural que tinha uma atitude indiferente. Aqueles que brigavam contra ele eram facilmente derrotados, mas ele nunca interveio em outras disputas.
“Não venha até mim com aquele soco de antigamente. Você acha que venceria novamente se lutássemos?
Em contraste, Hans era como um touro teimoso atacando qualquer um. Ele brigava mesmo quando estava de bom humor, e assim que seu humor piorava, ele dava um soco, pelo menos quando se tratava de pessoas mais fracas que ele.
Houve momentos em que as coisas deram errado devido à sua incapacidade de avaliar adequadamente o nível do adversário. O exemplo mais notável foi sua briga feroz com o brigão horrivelmente feio, Ronan, de três anos atrás.”
Mas agora as coisas são diferentes. Uma espada longa e forte estava pendurada na cintura de Hans, uma recompensa de um bando de mercenários por uma missão que ele havia cumprido no inverno passado.
Swish!
Hans desembainhou a espada. Ronan exclamou surpreso.
“Oh, uma espada?”
“O que você está fazendo aí parado, boquiaberto?”
A voz de Hans era tão intimidadora quanto a sua estatura. Os delinquentes rapidamente se aproximaram dos dois. Aselle não conseguia se mover porque precisava manter a magia.
“Por que você não se ajoelha e implora? Vou deixar passar desta vez.
“Você sabe balançar uma lâmina? Se você acha que balançar uma vara é o mesmo que balançar um cajado, você está enganado…”
Thud!
Hans balançou a espada verticalmente. Ronan torceu casualmente o ombro e evitou o ataque. Eles esperavam uma dificuldade da parte de Ronan, mas, surpreendentemente, sua postura se manteve firme.
“Eu estava tentando transformar você em um aleijado de um só braço, mas a sorte estava do seu lado.”
“Sim.”
Ele teve sorte. Ronan realmente pensava assim.
Ao contrário de sua força física e resistência deterioradas, sua consciência situacional e velocidade de reação pareciam não ter sido afetadas. Claro, eles precisariam de mais informações sobre Ronan, um mero aleijado, que era igual a ele ou não.
“É tarde demais para implorar agora. Se você quiser ir embora, terá que separar uma orelha ou um nariz.”
Ronan não respondeu. Sua atenção de repente voltou para Aselle. O garotinho, lutando para evitar que o covarde caísse do ar, não conseguia se mover por ter que manter o feitiço.
“Com certeza, minha memória não falhou. Aquele garoto era um mago…”
Interpretando o silêncio de Ronan como um sinal de fraqueza, os outros garotos começaram a intervir.
“Já faz alguns anos. Ele agora é só um gatinho assustado.
“Pare de agir de forma arrogante e só implore, seu aleijado.”
Mesmo sendo o Ronan, tentar enfrentar uma espada de verdade com um pedaço de pau mais grosso que a cabeceira da cama era uma tentativa inútil. Especialmente porque Hans praticava esgrima todos os dias. Não era intencional, mas não podia se negar que ele era esforçado.
À medida que a atmosfera desejada foi sendo estabelecida, Hans colocou mais força em seu ombro.
“Se você morrer, sua irmã vai me achar fofo por cuidar dela. Só de pensar em tocar sua bunda redondinha…”
Shrill!
Naquele momento, um assobio ecoou pelo ar.
Thunk! Um objeto redondo e largo caiu entre os dois.
“Hein?”
Ninguém viu o que aconteceu. Apenas a vara que Ronan tinha no ombro estava agora no chão.
Sentindo uma sensação de desconforto, Hans desviou o olhar. Uma de suas orelhas cortadas estava agora apoiada no sapato.
“Hein?… Uh, uh?”
De repente, uma dor aguda atingiu o ouvido de Hans. Hans, ao descartar sua espada, agarrou o local onde antes ficava sua orelha. Sangue jorrou entre seus dedos.
“Aaaargh! Porra! Minha orelha!”
“Ei.”
Thud!
Ronan deu um chute poderoso no abdômen de Hans. Hans se dobrou de dor, esquecendo-se da dolorosa perda de sua orelha. O choque foi tão profundo que ele não conseguiu nem recuperar o fôlego adequadamente.
“Ughhh…”
“Seu orfãozinho desgraçado.”
Ele grosseiramente agarrou o cabelo de Hans e o ergueu. Dos lábios agora sem humor de Ronan, uma voz maldosa emergiu.
“A bunda da minha irmã é o quê? O que você estava dizendo?”
“Mata ele! Mata ele!!”
Recuperando os sentidos com grande esforço, Hans gritou enquanto saliva e lágrimas escorriam por seu rosto. Os meninos hesitantes começaram a gritar um por um e atacaram por Hans. Ronan agarrou o rosto de Hans e o pressionou no chão, murmurando.
“Crianças sem pais sempre se comportam mal… mas eu também não tenho.”
****
“Hum? Você o colocou no chão?”
“Uh, sim.”
Quando terminou de lidar com os delinquentes, Aselle já havia descido o covarde. Ronan murmurou baixinho com sua mão limpando suas calças.
“Tch, eu definitivamente fiquei mais fraco. Estou exausto só com isso.”
Aselle apertou os lábios com força.
Ele ficou mais fraco?
O incidente que se desenrolou em cerca de cinco minutos foi embaraçoso até mesmo para chamar de briga. A violência esmagadoramente unilateral lembrou-lhe uma águia enlouquecida infiltrando-se num galinheiro.
Debaixo de uma árvore próxima, o velho chapéu do covarde rolava no chão. Ronan o pegou, tirou a poeira e colocou-o na cabeça do covarde.
“Vai pra casa.”
“E-Eu… Hm…”
“Não se preocupe com eles voltando para te dar o troco ou algo assim. Eles não terão mais a audácia de andar por aí de cabeça erguida.”
Ronan ergueu o polegar, apontando para os delinquentes espalhados atrás dele. Todos eles estavam tratando seus braços e pernas quebrados.
“E também pegue isso.”
Ronan tirou novamente o chapéu do covarde, colocou algumas moedas nele e o devolveu. O dinheiro veio dos bolsos dos delinquentes.
O covarde, com a voz trêmula, disse.
“I-Isso é demais.”
“Está tudo bem. Eu já peguei minha parte.”
“Bem, ainda assim…”
Em sua vida anterior, ele era tão desinteressante quanto o umbigo de uma formiga, mas quem poderia imaginar que esse sujeito aparentemente inútil possuiria tal talento? Ronan não queria perder esse inesperado golpe de sorte.
O corpo de Ronan subiu até quase sua altura sem que ele percebesse. Aselle estava suando profundamente enquanto se concentrava em sua magia.
“Pensando bem, eu deveria tentar isso também.”
Swish! Inesperadamente, Ronan desembainhou a espada. Era a espada que pertencera a Hans que agora estava incapaz de empunhar uma espada. Assustado, Aselle tentou parar a magia, mas Ronan o impediu.
“Não, continue.”
Foi um comando incompreensível. Aselle concordou no momento. Ronan passou levemente a espada pela área onde a telecinesia estava funcionando. Uma sensação de cortar a água fluiu das pontas dos dedos.
Simultaneamente, a força que segurava Hans desapareceu.
“Hein?!”
Thud.
Aselle tropeçou, agarrando seu traseiro. Ronan, que pousou graciosamente, soltou um suspiro de alívio.
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