Capítulo 04
Capítulo 4: vilarejo goblin.
— Então, agora que minha visão noturna está sem o selo, posso usá-la por 16 minutos! Vai ficar bem mais fácil explorar esse lugar! — Eloah murmurou para si mesma, sentindo uma ponta de alívio. Ela se abaixou, encheu as mãos com a água fria do lago e á bebeu. Logo depois espirou fundo e decidiu seguir adiante, explorando áreas onde nunca havia estado.
Caminhando por alguns minutos, ela avistou algo que a fez parar abruptamente. Uma aranha gigante, maior do que qualquer uma que já tinha visto, emergiu das sombras. Seus olhos brilhavam como faróis na escuridão, e suas patas se moviam com uma agilidade assustadora.
— Nojo! — Eloah exclamou, recuando instintivamente.
A aranha avançou em sua direção, mas Eloah já estava concentrada. Ela fechou os olhos por um breve momento, sentindo o calor da magia fluir por suas mãos. Quando abriu os olhos, uma bola de fogo já estava se formando entre seus dedos.
— Toma isso! — Ela gritou, lançando a bola de fogo em direção à criatura.
A bola de fogo atingiu a aranha em cheio, fazendo-a gritar de dor. Mas, antes de morrer, a aranha soltou um som agudo e estridente que ecoou por toda a caverna. De repente, o chão começou a tremer, e Eloah percebeu que algo estava muito errado.
— O que foi isso? — Eloah sussurrou, olhando ao redor.
E então, ela viu. De longe, a caverna começou a escurecer, como se uma onda negra estivesse se aproximando. Era um mar de aranhas, incontáveis, avançando em sua direção.
— Puta merda! Nunca mais mexo com nenhuma aranha na minha vida! — Eloah gritou, virando-se e correndo o mais rápido que podia.
Ela correu sem olhar para trás, passando por goblins que tentavam barrar seu caminho com adagas. Ela os ignorou, focando apenas em fugir daquele pesadelo. Finalmente, avistou uma entrada estreita e correu em direção a ela, empurrando uma pedra grande para tampar a passagem.
— Não, não, não! — Eloah sussurrou, escorando-se na pedra e colocando o pé na parede para mantê-la firme. O mar de aranhas chegou, e ela podia ouvir o som de centenas de patas arranhando a pedra.
— (Risos) Que hipocrisia… Eu me matei porque não queria viver, e agora estou lutando para sobreviver… — Ela pensou, sentindo o suor escorrer por seu rosto.
— NÃO FODE, PORRA! CEIS ACHAM QUE EU PASSEI POR TUDO ISSO PARA MORRER DE UM JEITO MERDA!? — Eloah gritou, usando toda a sua força para manter a pedra no lugar.
Finalmente, o barulho diminuiu. As aranhas haviam passado. Eloah respirou fundo, ainda tremendo, mas sabia que não podia relaxar completamente. Ela se encostou na pedra, fechou os olhos e, sem perceber, caiu no sono.
Um novo dia
Quando Eloah acordou, o silêncio na caverna era quase reconfortante. Ela se espreguiçou, e lentamente empurrou a pedra para o lado. Ao sair, viu o chão coberto de patas de aranha e ouviu o som distante de goblins conversando.
— Eles estão conversando? Não é bom subestimá-los… Da última vez que fiz isso, quase morri. — Eloah murmurou, ativando sua visão noturna. — Ah? Eles estão indo para algum lugar… Certo, vou segui-los.
Eloah começou a seguir os goblins, mantendo-se nas sombras. Eles caminharam por um bom tempo até chegarem a uma enorme muralha de terra, guardada por goblins armados. Ela se aproximou cautelosamente, tentando não ser vista.
— A segurança é pesada… Vai ser difícil entrar. E já que os muros são feitos de terra, provavelmente não vou conseguir passar. — Eloah pensou, observando os movimentos dos guardas.
De repente, um goblin a avistou e começou a gritar:
— INTRUSO! INTRUSO!
Eloah se levantou rapidamente, puxando sua adaga. O portão se abriu, e uma horda de goblins saiu, liderada por uma criatura enorme, duas vezes maior que um goblin normal.
— Espera, eu vim em paz! — Eloah disse, mantendo a adaga pronta.
O grande goblin, olhou para ela com curiosidade.
— O que você… é? Já vi humanos, mas eles não têm chifres nem olhos vermelhos. — O hobgoblin disse, mantendo uma distância segura.
— Eu sou um demônio. — Eloah respondeu, mantendo a postura defensiva.
— Um demônio, hein? É a primeira vez que vejo um. Eu sou um hobgoblin. Quero que me diga quem você é.
— Não tenho um nome… Apenas me chame de demônio. Eu estava seguindo aqueles bichos verdes e acabei chegando aqui.
— Você… matou o número 11? O goblin de túnica vermelha?
— Sim, ele me emboscou, e eu o matei. — Eloah respondeu, pronta para qualquer coisa.
— Entendo. É o destino. Ele era fraco. Neste mundo, os mais fracos sempre morrem… Eu poderia explodir sua cabeça por vingança, mas nunca vi um demônio de perto. Minha curiosidade é maior que minha raiva. Então, me agradeça. Você viverá.
— Obrigada? — Eloah disse, confusa.
— Me siga. — O hobgoblin ordenou.
Eloah seguiu o hobgoblin, observando tudo ao seu redor. A vila dos goblins era maior do que ela imaginava, com centenas de casas e goblins armados patrulhando as ruas.
— Esse lugar é bem legal. — Eloah comentou, tentando parecer descontraída.
— Não, não é nem um pouco. Estamos no meio de um fogo cruzado. Só nestes dias, perdemos 70 goblins e 6 de túnica. — O hobgoblin respondeu, sua voz carregada de amargura.
— Fogo cruzado? — Eloah perguntou, curiosa.
— Quando chegarmos à minha cabana, eu te explico melhor. — Ele respondeu.
Eles chegaram a uma grande cabana no centro da vila. O hobgoblin abriu a porta e entrou, seguido por Eloah.
— Certo, você sabe quais raças vivem aqui na Caverna Igna? — O hobgoblin perguntou, sentando-se em uma cadeira robusta.
— Caverna Igna? Então esse é o nome deste lugar… — Eloah murmurou.
— Exatamente. Existem quatro raças: nós, os goblins; as aranhas; os morcegos; os crocodilos; e, por último, a raça mais forte, os homens-lagarto.
— E os homens-lagarto? — Eloah perguntou, interessada.
— Eles estão na entrada da caverna. É a única maneira de sair ou entrar. Apenas eles podem vir e ir como bem entenderem.
— Você disse que os homens-lagarto são os mais fortes… Então, qual é a raça mais fraca?
— Eloah perguntou, já suspeitando da resposta.
O hobgoblin ficou em silêncio por um momento, olhando para o chão.
— Por favor, não me diga que os goblins são os mais fracos… — Eloah disse, colocando a mão no rosto.
— Sim, nós somos… — O hobgoblin admitiu, enquanto sorria.
— Onde foi que eu me meti? — Eloah murmurou, sentindo o peso da situação.
— Eu quero sair desta caverna. Para isso, precisamos derrotar os homens-lagarto. — a Eloah disse, olhando para o hobgoblin.
— Já tentamos antes. Fomos destruídos. Logo após, os morcegos nos atacaram, e as aranhas também. As aranhas têm rivalidade com os morcegos, e os morcegos conosco. Os crocodilos são uma raça neutra.
— Então, se atacarmos os homens-lagarto, podemos sofrer outro ataque? — Eloah perguntou, tentando entender a dinâmica da caverna.
— Exatamente. Atacar os homens-lagarto é um plano falho. — O hobgoblin respondeu.
— E se ganharmos a ajuda das outras raças?
— Eloah sugeriu.
— Isso seria difícil. Talvez os crocodilos ajudem, mas os outros dois com certeza não irão.
— Então, vamos fazer uma aliança! — Eloah propôs, olhando diretamente para o hobgoblin.
— Eu quero sair deste lugar. Vamos dominar esta caverna! Farei com que vocês, goblins, alcancem o topo!
O hobgoblin olhou para ela por um momento, pensou muito bem, e então um sorriso lento se formou em seu rosto.
— Você é louca… Certo, estou dentro. — Ele disse, estendendo a mão.
Eloah apertou a mão do hobgoblin, sentindo uma onda de determinação.
— Vamos começar. Me explique o que você sabe sobre cada monstro. — Eloah disse, pronta para ouvir.
O hobgoblin começou a explicar as fraquezas e habilidades de cada raça, enquanto Eloah ouvia atentamente, já formulando um plano em sua mente.
— Escute, as aranhas emitem gritos quando estão para morrer, avisando as outras do perigo. Os morcegos produzem um péssimo cheiro que confunde seus inimigos e causa náuseas. Os crocodilos… bem, ninguém sabe o que eles fazem, afinal nunca foram para a guerra. E os homens-lagarto… eles são assustadoramente fortes, usam lanças de ferro e são incrivelmente ágeis. Essa cicatriz no meu pescoço é uma prova disso. — O hobgoblin explicou, tocando a cicatriz com um dedo.
Eloah ouviu atentamente, absorvendo cada detalhe. Ela sabia que precisava de uma estratégia sólida para enfrentar essas criaturas.
— Vamos atacar as aranhas primeiro. Tenho uma ideia. — Eloah disse, com um brilho nos olhos.
— Irei chamar alguns goblins que irão nos ajudar. —levantava hobgoblin e avisava o goblin que estava na porta.
Após um tempo Três goblins entraram na cabana: um de túnica vermelha, outro de túnica branca e um ancião com uma barba longa e grisalha.
— Esses são os meus braços direitos. — O hobgoblin apresentou.
Eloah olhou para eles e começou a explicar seu plano.
— Escutem, eu planejo atacar as aranhas e quero a ajuda de vocês.
— Eu sou contra! — O goblin de túnica branca disse imediatamente.
— … — O goblin de túnica vermelha permaneceu em silêncio, observando Eloah.
— Por que você quer atacar as aranhas? Elas têm números massivos, e se uma gritar, vira um oceano para matar você… É literalmente suicídio. — O goblin ancião falou, balançando a cabeça.
— Escuta aqui, vovô, você sabia que a aranha produz teia, né? — Eloah perguntou, com um sorriso malicioso.
— É claro, toda aranha produz teia. — O ancião respondeu, confuso.
— A teia tem uma propriedade interessante: pode ser tão dura quanto aço, mas tem uma fraqueza bem óbvia… fogo. — Eloah disse, enquanto conjurava uma bola de fogo em sua mão.
— Isso é… — O ancião começou, mas foi interrompido pelo goblin de túnica vermelha, que gritou:
— ESSA É A HABILIDADE DOS GOBLINS VERMELHOS!
— Incrível. — O hobgoblin murmurou, impressionado.
— Escutem, essa é minha habilidade. Posso usar bolas de fogo, assim como os goblins vermelhos. Se usarmos fogo na teia, podemos queimar tudo ao redor, incluindo as aranhas. E como a teia é fina, o fogo se espalha rapidamente. Podemos usar isso ao nosso favor. — Eloah explicou, com entusiasmo.
— Vou detalhar minha estratégia: eu e os goblins vermelhos incendiaremos o covil das aranhas, queimando-as. Enquanto isso, os outros goblins avançam para matar as aranhas que caírem no chão. Depois de incendiarmos o covil, ajudaremos vocês com as aranhas que sobrarem. — Eloah concluiu, olhando para os estrategistas.
— Seu plano até que é bom, mas e a aranha-rainha? Como você vai matá-la? — O hobgoblin perguntou, cruzando os braços.
— Aranha-rainha? — Eloah perguntou, surpresa.
— Eu explico. A aranha-rainha é um monstro de nível raro. Ela tem quatro metros de altura, metade do corpo é humanoide e a outra metade é de aranha. Ela tem ataques poderosos e também tem inteligência. — O hobgoblin explicou, com uma expressão séria.
— Não se preocupe vamos mata-la também. Então, vamos nos preparar! Quem está comigo? — Eloah perguntou, olhando ao redor.
— Os goblins brancos estão fora. Isso é suicídio! — O goblin de túnica branca gritou.
— Pode contar comigo e com os goblins de elite. — O hobgoblin disse, com determinação.
— Certo, os goblins vermelhos também irão. — O goblin de túnica vermelha afirmou.
— Vocês estão loucos! Isso é suicídio! — O goblin branco gritou novamente.
— Eu concordo com o goblin branco. — O ancião disse, balançando a cabeça.
— Velhote, não me importo com o que você acha, você sabe muito bem que está velho, ja passou da hora de se aposentar, desista.
O goblin velho fica calado e logo após sai da sala.
— Escutem, chamem todos os goblins guerreiros. Isso é guerra! — O hobgoblin ordenou, batendo na mesa.
Fim do Capítulo 4
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