Capítulo 01
Em uma noite fria e silenciosa, no topo de um prédio, uma garota apreciava a vista fascinante da cidade iluminada. Seus olhos castanhos, profundos e mergulhados em uma solidão avassaladora. Seus cabelos, da mesma tonalidade, acompanhavam o ritmo do vento. Era uma sensação incrível, mas também aterradora. Mesmo que sentisse medo ela já sabia o porquê havia desistido de sua vida, e agora, naquela altura, ela apenas queria se despedir da terra que a decepcionou tantas vezes.
Enquanto o vento gelado a envolvia, ela relembrou os principais momentos que a levaram a essa fatídica escolha.
“Eu sou como um fantoche, movido pelo único propósito de glorificar minha família. Desde a infância, carrego as marcas de um passado doloroso, repleto de abusos físicos e psicológicos que moldaram quem eu sou. O ódio que sinto por mim mesma é uma sombra constante, que me acompanhou em toda minha vida. Mesmo diante de uma vida que considero medíocre, não encontro coragem para dar um fim a essa existência que parece não ter sentido.'”
— (Risos) Até mesmo para desistir de tudo eu sou uma escória.
Ela começou a tremer, mesmo que quisesse apenas pular, ela ainda tinha um arrependimento, a pessoa que mais amou ainda estava lá.
— (respira fundo) O QUE EU FIZ PARA MERECER ISSO? EU SÓ NASCI INFERNO!
Ela se vira, fecha seus olhos e respira fundo, ela pulou, naquele momento ela não sentiu medo, apenas uma felicidade inacreditável, ela se sentiu um “pássaro”, ela finalmente estava livre, ou era o que ela achou…
— Mas o que? Eu sinto meu corpo de novo?
Minha mente se encheu de dúvidas.” Como posso mover meu corpo se estou morta?” Minutos atrás, nem isso eu conseguia fazer. Enquanto essas questões deixavam um sentimento amargo na minha boca, de repente, escutei o som de leves passos ecoando na escuridão. Eles vinham em minha direção, lentos e calculados, como se alguém
ou algo estivesse me observando.
— Quem está aí?
Perguntou Eloah com sua voz estava trêmula.
Não houve resposta, apenas o silêncio pesado e os passos que pareciam se aproximar cada vez mais.”
—( grito) QUEM ESTÁ AI!
“Nada. Ele não respondeu, mas, na minha mente, eu sabia que algo estava terrivelmente errado. Os passos aumentavam de frequência, cada vez mais próximos, e o eco deles escondia sua direção. Meu desespero crescia a cada segundo.
Eloah tremia de medo, sua respiração pesada ecoava pelo lugar, ela fica desesperada e começa a procurar a causa dos passos.
— Por favor, me responda! Eu estou ficando com medo… — minha voz falhou, cortada por um grito de dor.
Minhas costas arderam, uma dor aguda e insuportável que nunca havia sentido antes. Naquele momento, soube que precisava correr. E corri. Enquanto fugia, percebi que meus olhos começavam a se acostumar com o breu à minha frente. Aquilo, com certeza, não era o além.
— Ahh… Por favor, alguém me ajuda! — gritei, mesmo sabendo que ninguém viria.
Enquanto corria, avistei uma grande pedra e me escondi atrás dela. Sabia que não havia para onde fugir. Ouvia sua risada, ecoando na escuridão. Ele estava se divertindo, brincando comigo, como um caçador e sua presa. Ele sabia que eu estava ali, e sentia prazer em me ver sofrer.
— Ah! Droga, droga! VAI SE FUDER! — Em um impulso de raiva, arranquei uma pedra do chão e corri em sua direção.
Bati a pedra contra ele com toda a força que tinha. Vi-o cair no chão, e não dei nenhuma brecha para que se levantasse. Pulei em cima dele e comecei a bater repetidamente em seu crânio, sem parar, até que ele parasse de se mover.
— Eu matei-o… Eu matei uma pessoa…
— (sussurrei, ofegante) Se eu não o tivesse matado, seria eu quem estaria no seu lugar.
Suas mãos tremiam, cobertas de sangue, enquanto o peso daquela ação começava a afundar em minha consciência.
Mas, ao olhar para ele, ela percebe que sua pele era verde e mesmo com sua cara desfigurada não escondia suas orelhas pontudas nem sua aparência grotesca. Ele não era um animal, nem um humano… Ele era um monstro.
De repente, na minha frente, um brilho azul surgiu. Para ser mais exato, uma janela se abriu diante de mim, perguntando se eu queria usar minha habilidade nele.
Eu me assustei. Tudo era tão estranho. Ainda não estava totalmente consciente do que havia acontecido.
Mais uma vez, a tela me perguntou se eu queria utilizar a habilidade ‘Exorcizar’ no corpo daquele monstro.
Mesmo com medo, sua curiosidade falava mais alto. Ela precisava saber o que aconteceria se a usasse. Então, com uma voz trêmula, disse para usar a habilidade.
O corpo do monstro começou a se comprimir diante dos seus olhos, transformando-se em uma pequena orbe de cerca de dois centímetros de largura e altura. Ela estava tão empolgada que mal podia acreditar no que estava vendo. Sua curiosidade era tão grande que mal podia esperar para descobrir o que aquela esfera fazia. Seu coração batia em frenesi, para ela aquilo era incrível!
Ding!
A janela se abriu novamente, informando que a habilidade foi bem-sucedida e perguntando se eu queria saber mais informações sobre ela.
Eloah, empolgada, não pensou duas vezes antes de concordar.
— Sim! Eu quero saber.
**Exorcizar**:
Caso mate algum ser vivo diretamente, pode utilizar a habilidade. Ela comprime o corpo em uma orbe, e ao absorvê-la, você terá a oportunidade de roubar uma habilidade do ser exorcizado.
**Proficiência**: 0,0
**Esfera bem conservada**
**Rank**: Comum
**Chance de roubar uma habilidade**: 0,05%
**Instruções**: Engula a esfera para obter os benefícios.
— Ah, que incrível!
Seu coração encheu de empolgação, e sem hesitar, engoliu a esfera. A tela se abriu mais uma vez.
— Por ser sua primeira vez consumindo uma esfera de rank comum, você ganhará um bônus! Parabéns, você roubou a habilidade **Visão Noturna**! A habilidade será reduzida devido à qualidade da “mana” do usuário.
O breu que me atormentou por tanto tempo desapareceu. Finalmente, consegui enxergar e percebi que, na verdade, estava em uma caverna. Mas, de repente, senti uma tontura e percebi que meu sangramento continuou esse tempo todo.
— Droga.
Eloah rasgou uma parte de sua roupa e a envolveu na ferida. Logo após, buscou um lugar para se abrigar. Afinal, aquele provavelmente não era o único monstro… Devia haver outros. Usando sua habilidade, ela vê ao longe uma fenda e decide ver se era um bom lugar para ficar.
Eloah viu que a fenda parecia boa para se abrigar. Então, começou a se rastejar.
— Droga, que lugar estreito do inferno! Já rastejei tanto, mas mesmo assim esse túnel não acaba nunca.
Depois de tanto rastejar, ela encontrou um lugar espaçoso e provavelmente seguro. Encostou-se na parede e respirou fundo. Após tantos acontecimentos, finalmente se acalmou. Estava cansada e, sem perceber, caiu no sono…
Após algum tempo, ela acordou.
“Bastante tempo se passou. Minutos? Horas? Não sei quanto tempo passou, apenas sei que o sangramento parou. Mas é bom eu ficar um tempo quieta. Percebi uma coisa: minha visão noturna se foi sozinha, e eu não consegui ativar essa habilidade. Sempre dizia a mesma coisa: ‘Falta de mana’, ‘Falta de mana’.”
— Aaaaah, que droga! O que caralhos é mana?
Depois de me acalmar, comecei a pensar: como vim parar aqui? Por que vim parar aqui? E o que é tudo isso? Monstros, uma janela azul, poderes… Cada coisa, hein?
Passou mais um tempo, e finalmente consegui ativar minha habilidade novamente. Com isso, percebi algumas coisas: primeiro, preciso de “mana” para utilizar minha habilidade; segundo, caso minha mana acabe, minha habilidade também acaba; e terceiro, a mana se recarrega com o tempo. Minhas feridas se curaram muito rápido, e não houve nenhuma sequela, como cicatrizes. Isso é bem interessante.
— Certo, estou zerada. Quero ver quem me segura!
Então, sofri mais uma vez para sair desse buraco e, logo após sair, usei minha visão noturna para buscar outro monstro.
Após andar bastante tempo, vi um grupo de goblins. Mas, como não sou besta, decidi observá-los de uma distância segura. Afinal, vai que eles me veem, né? Depois de passar um bom tempo olhando, percebi que cada um fazia uma coisa diferente. Por exemplo, todos se separavam e procuravam uma presa. Caso encontrassem alguma, sopravam uma trombeta para informar aos outros. Pelo que vi, acho que o que eu matei era um rebelde. Provavelmente queria caçar sua presa sozinho, afinal, ele não tinha nenhuma trombeta, só tinha uma faca.
— … Pera aí, faca? Eu deixei a faca no chão e vim embora?
Dei um tapa em minha face, contrariada com minha tamanha burrice. Depois de ficar brava (com razão), decidi montar uma armadilha. Comecei a gritar por ajuda, esperando que um deles me escutasse. Quando ele viesse, eu meteria a pedra na cabeça dele. Plano perfeito.
— Socorro! Alguém está aí?
Escutei a risada e percebi que ele estava olhando para mim. “Ótimo! Ele está ferrado.” Enquanto pensava nisso, usava minha habilidade para procurá-lo e, com minhas ótimas habilidades de atuação, fazia ele acreditar que eu não o via. Sou uma gênia.
— Por favor, responda-me. Eu sei que tem alguém aí.
Ele se aproximou, sacou sua espada e correu na minha direção. No susto, peguei a pedra e corri na direção dele. Ele desviou da minha pedrada e estocou sua espada em meu estômago. Bati a pedra nele, e ele tentou pegar a trombeta para chamar seus amigos.
— Merda!
Ela correu em sua direção e bateu a pedra na trombeta. Ela se quebrou, e logo em seguida Eloah bateu na cabeça dele, matando-o igual fez com o outro. Ela estava com tanto medo quando ele a empalou.
“Está doendo… Ah, chega de reclamar. Levantei-me e retirei a faca da minha barriga. Doeu pra caralho”.
Então, ela usa habilidade e o transformei em outra esfera. Ele tinha as mesmas informações da outra; nada mudou. Ela deixa a esfera no bolso da sua calça para consumi-la outra hora. E depois decide voltar para seu esconderijo.
Enquanto estava indo, escutei um barulho de água. “Espera… água! Finalmente!” Ela procura a entrada e acha um vão que provavelmente era a entrada. Ela entra e vê um lago. Um belo lago. Sem pensar, correu em sua direção e finalmente bebe água após tanto tempo. Ela se decide que ali poderia ser sua base.
— Então, vamos nessa. Preciso de comida. Mas, agora que paro para pensar, fome é uma coisa que eu não senti. Isso é bem estranho.
— O QUE?
Olhei para minha aparência na água. Olhos vermelhos escarlates, cabelo preto como um abismo, pele branca e um rosto incrivelmente belo.
— Mas que porra é essa?
“Minha aparência mudou completamente. Eu era apenas mais uma NPC antes de morrer, e com isso, conclui o que imaginei: eu reencarnei no corpo de outra pessoa.”
— Certo, primeiramente, por que estou numa caverna? Segundo, que corpo é esse? E terceiro, por que reencarnei? São tantas perguntas!
Certo, vamos recapitular do início.
— Tive uma vida merda, tentei me matar, estou em uma caverna, fui perseguida por um goblin, descobri que tenho poderes e que, com certeza, não estou mais em meu mundo.
Ela suspira e começa a se lembrar de quando pulou do prédio.
— Certo, tenho certeza de que eu tinha morrido. Então, como estou viva? Naquele breu, tenho certeza de que era o fim, mas… E se a luz fosse uma porta para a reencarnação? E por isso tudo isso aconteceu? Ok, é uma boa teoria, mas não tenho provas ainda.
Enquanto passava a mão na sua cabeça, ela percebeu algo estranho. Havia algo pontiagudo surgindo nela.” Espera…”
— Isso, isso é… é um chifre!? Aaaaah, eu sou corna! Mas eu nunca namorei, então como??
Depois dessa chocante descoberta, as peças se encaixaram. Olhos vermelhos, chifres, cabelo preto.
— Eu reencarnei como um demônio?
Fim. Obrigado por ler até o fim!”
