Capítulo 04
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Um cavalheiro com um longo cabelo ruivo e armadura vermelho-sangue.
“Valentine de Stryn.”
Conhecida como o Corvo do Julgamento, ela veio para o castelo.
Sua chegada inesperada deixou todos em alerta. A tensão no castelo era como a calmaria antes da tempestade.
Mordomos e criadas corriam para cumprimentá-la, e os cavaleiros guardiões a saudaram.
“Saudações, Sr.ᵃ Valentine!”
Ela deu um breve aceno com a cabeça, nem mesmo um olhar, e seguiu pelo corredor, com sua expressão permanecendo fria.
Seu olhar era tão penetrante que mesmo um olhar poderia fazer com que seu corpo não permanecesse em pé. Os cavaleiros novatos que ainda não haviam conseguido seu Qi colapsaram quase que instantaneamente.
Normalmente, ela iria controlar seu Qi ao ponto de que ‘ninguém ficasse machucado’, mas isso não estava ocorrendo hoje.
Por que Valentine veio ao castelo sem um anúncio adequado e em um dia sem nenhuma ocasião especial?
O cavaleiro guardião que liderava o caminho se perguntou, mas não perguntou.
Se ele tivesse falado com ela, poderia ter sido executado, e só havia um motivo para ela estar aqui.
“… Morte.”
Alguém no castelo iria encontrar um fim precoce.
Onde quer que Valentine, o executor da Casa Stryn, aparecesse, alguém morria.
Ela foi chamada de Corvo do Julgamento porque trazia morte e sangue aonde quer que fosse. Ficou claro que seu nome teve um efeito cascata, causando a morte não apenas de seus inimigos, mas também de membros de sua própria família.
“… Gostaria de caminhar em silêncio daqui em diante, para evitar quaisquer formalidades.”
Valentine disse em um sussurro. O Cavaleiro Guardião curvou-se em resposta.
“Sim, senhora!”
Ela estava no quarto andar do castelo. O quinto andar era onde eram mantidas as crianças que ainda não tinham permissão para sair do castelo.
Um lugar seguro reservado para quem acabou de nascer, por exemplo, ou ainda não foi admitido na Academia.
Ela começou a caminhar com seu Qi escondido até o quarto onde residiam os trigêmeos.
Knock Knock Knock.
Ela bateu na porta três vezes.
Creak-
Uma voz baixa foi ouvida do outro lado.
“Me sigam.”
Ao seu comando, os irmãos Tony, Johnny, e Ronnie a seguiram sem dizer uma palavra.
Mesmo eles sendo irmãos, eles não conseguiam nem responder, muito menos fazer perguntas.
Eles estavam tão nervosos que Ronnie, o mais novo dos três, molhou as calças.
Afinal, ela era conhecida na família como a mensageira da morte, então como eles não ficariam aterrorizados?
Valentine liderou os três para o subsolo. A certa altura, o cavaleiro guardião que os liderava caiu no chão.
Quando chegaram ao fim do subterrâneo, Valentine começou seu julgamento.
Qualquer pessoa que quebrasse as regras da família, por mais jovem que fosse, seria punida.
Sabendo disso, os trigêmeos juntaram as mãos em oração.
“Por favor, não nos mate.” Eles não conseguiam falar devido ao terror, mas a expressão deles era óbvia.
Swoosh
Valentine tirou uma adaga da bainha.
Uma ferramenta de aplicação comumente chamada de “Lâmina de Julgamento” na Casa Stryn.
“Vocês três, sejam gratos pela graça de seu senhor. Normalmente, eu teria cortado suas gargantas, mas hoje ele me pediu apenas seus dedos.”
Após o “veredicto”, Valentine e os trigêmeos chegaram na frente do quarto de Verdin.
Ela respirou fundo e bateu na porta.
Toc Toc Toc
Valentine abriu a porta e entrou, exatamente como havia feito com os trigêmeos.
Creak
Verdin estava sentado em sua mesa, lendo um livro. Ele era diferente de seus irmãos. Não ficou aterrorizado com a chegada de Valentine.
Ele apenas a cumprimentou com um sorriso.
“Irmã? Olá.”
Verdin olhou lentamente para todas as pessoas que haviam entrado em sua sala. Demorou um pouco, mas ele percebeu para onde aquilo estava indo.
Valentine tinha sua lâmina de julgamento na cintura e seus irmãos tinham os dedos enfaixados.
“Então isso aconteceu.”
Porém, houve uma surpresa.
Alguém estava fadado a morrer com a chegada do Corvo do Julgamento, mas os três meninos no centro do caso ainda estavam vivos.
“Então Valentine tem outro motivo para visitar o castelo.”
Verdin não estava preocupado, pois sabia tudo o que precisava saber.
Vendo a reação dele, Valentine contraiu o canto da boca antes de retornar à sua expressão severa e se sentar do outro lado da mesa.
“Esta criança…”
Ao enfrentar a mulher conhecida como Corvo do Julgamento, seu Qi não vacilou. Pelo contrário, seus olhos estavam penetrando nela.
“Ele parecia calmo, como se soubesse exatamente o que se aproximava.”
“Ao contrário dos trigêmeos anteriores, que congelaram de medo quando me viram.”
“Como você tem estado?”
Uma saudação tão comum.
Para alguns é uma conversa casual, mas para os trigêmeos foi um choque de realidade.
Eles ficaram surpresos que essa mulher, que raramente falava com alguém além do pai de maneira amigável, perguntasse como estava Verdin.
Quando ela veio buscá-los, ela nem disse “olá”, apenas ordenou que a seguissem em voz baixa.
Os trigêmeos sentiram seu coração afundar, mas não conseguiram dizer nada.
“Bem.”
Verdin coçou a nuca diante da grosseria da saudação dela.
Como não seria estranho vê-la assim, quando em sua vida anterior ela nem havia mostrado o rosto quando ele entrou na Academia.
Finalmente consegui conhecê-la, mas pareceu forçado.
O silêncio era dominante.
Segundos parecem minutos para os irmãos. Valentine abriu a boca para dizer alguma coisa, balançou a cabeça e fechou novamente.
“Por que Valentine está aqui para me ver?”
Verdin pensou consigo mesmo, “O julgamento dos trigêmeos já está completo. Minha violência foi apenas em legítima defesa e, portanto, não serei punido.”
Verdin permaneceu em silêncio, sabendo o que esperar. Se ela não dissesse nada, ele o faria.
Ele encontrou os olhos dela permanecendo em silêncio. Ele sentiu um arrepio repentino percorrer sua espinha ao encarar o olhar dela.
O executor da Casa Stryn, que traz a morte.
“Não admira que você seja o Corvo do Julgamento.”
Até eu, que fui chamado de Deus da Espada na minha vida anterior, estava tonto de medo.
Claro, se minha aura se espalhasse, isso não aconteceria, mas não poderia ser evitado.
Os trigêmeos ao lado de Valentine apenas olharam. Um estranho momento de silêncio se passou.
Ficamos nos encarando por um longo tempo. Depois de um tempo, Valentine quebrou o silêncio.
“Verdin, você sabe porque estou aqui?”
A resposta era óbvia. Hoje não era um dia especial. Meu pai não está aqui, então, por que o chamado Executor viria aqui?
Para cumprir seu dever, obviamente.
Como o “Executor” da família.
As mãos dos trigêmeos eram prova disso.
“Mas deve haver algo mais.”
A resposta não foi difícil de encontrar.
Verdin pareceu desviar o olhar e pensar, mas um segundo depois olhou de volta para Valentine.
“Para me ver.”
Valentine parecia interessada.
“Para te ver?”
“Sim, se não, você não estaria no meu quarto.”
E ainda mais com os trigêmeos.
“Você tem razão. Vim ver você e você sabe provavelmente o porquê.”
“Meu palpite é que você veio aqui só para ver meu rosto.”
“Posso acusar você de um crime e você ainda pensa que estou aqui só para ver seu rosto.”
Verdin respondeu, sem mudar de expressão.
“Sim. Dizem que aquele que for capaz de escolher Siegfried como seu espírito é o próximo potencial chefe da família.”
“…”
“Isso deve ser suficiente para sua visita. Tenho certeza que você também ficará curiosa sobre meu crescimento nos próximos anos.”
“… Ah”.
Pirralho.
Como alguém se atreve a dizer isso a Valentine, a qual é tão digna e majestosa que seus irmãos da casa nem conseguem falar com ela?
“…Bahahaha!”
Valentine não conseguiu conter o riso.
Sua risada ecoou pelo castelo. A tensão foi liberada e a aura que irrompeu sacudiu o chão.
Kookookooooo
Até o Cavaleiro Guardião na porta ficou surpreso com a reação de Valentine.
Valentine, o Executor, riu? Fazia anos que ela não ria, e foi com o homem que partiu seu coração.
Era algo que nem mesmo Lois havia visto.
“… Mestre Verdin?”
Seu palpite estava certo.
Em sua vida anterior, todos diziam que Valentine não tinha emoções, mas Verdin conhecia sua verdadeira natureza.
Que ela era, na verdade, quem tinha o coração mais frágil da família.
Mas ela precisava agir assim para proteger sua posição.
Verdin ficou quieto, esperando uma resposta.
Seus pensamentos eram meras especulação, não certeza. Ele ainda não sabia exatamente por que Valentine havia vindo, então manteve a boca fechada.
Ele precisava entender sua real motivação.
Valentine estendeu lentamente a mão e deu um tapinha na cabeça de Verdin.
“Nosso filho mais novo cresceu muito bem.”
Verdin cantou uma música feliz em sua mente. Ele estava certo. Ela não teria reagido assim se ele estivesse errado.
“Sim! Eu sabia que, se agisse de forma diferente, os resultados seriam melhores.”
Ele estava certo.
Na verdade, Valentine veio ver Verdin com a desculpa de uma execução. Para descobrir o quanto seu irmão cresceu com um espírito de espada atrás dele.
“Obrigado, irmã.”
Valentine deu um pequeno aceno de cabeça e tirou uma adaga de uma bainha na cintura.
“Um presente.”
“… Um presente?”
“Sim. Para manter afastados aqueles que tentarem te machucar enquanto eu estiver fora. É seu.”
É proibido o uso de espadas no castelo, pelo mesmo motivo que não se pode usar Espíritos, para evitar possíveis assassinatos.
Mas havia apenas um motivo para ela ter trazido os trigêmeos com ela. Para mostrar a eles que Verdin agora tinha uma arma de verdade.
“Valentine é inteligente”, ele pensou, “dessa forma, eles não podem mais tentar me assediar.”
Verdin não recusou seu favor. Em vez disso, após aceitar a adaga, ele olhou para os três irmãos e deu-lhes um aviso tácito.
“Obrigada, irmã.”
A visita de Valentine me apresentou uma grande oportunidade. Com os trigêmeos fora do meu caminho, ninguém no castelo poderia interferir nas minhas ações.
Não só pude manter meu cavaleiro guardião fora de vista, mas também minha empregada, que estava sempre ao meu lado.
Eu não era mais uma criança, mas um membro de pleno direito da família.
“… Finalmente estou livre.”
Deixei a mana escorrer da minha palma para o chão.
Era grosso o suficiente para o ponto que eu desejava e foi o suficiente para abrir a porta.
Siegfried sorriu e colocou o contrato na minha cara.
Eu também estava esperando por esse momento, então levantei os cantos da boca e sorri.
“Então vamos assinar o contrato, Sr. Siegfried, o Espadachim.”
Nota do tradutor: Qi é a energia interna que reside no corpo, ela pode ser convertida em mana (forma azul pegajosa) e/ou aura (forma de luz vermelha), então pode ser mana, aura, ambos ou simplesmente nenhum, significando energia puramente interna.
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